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24 de setembro de 2008

Restauro - Austin Cooper S MKI 1965 (# 10)

Haviamos ficado com o problema da fuga de óleo (supostamente) resolvido...e fui de férias!

Quando regressei a primeira coisa que fiz foi ir à garagem espreitar para baixo do carro...claro! lá estava de novo a mancha de óleo! Não pode ser!

Decidi então aplicar uma das técnicas industriais de detecção de fugas alargando a área de busca...mas como não tinha sprays de liquidos penetrantes em casa, tive de improvisar e o que me pareceu mais adequado à situação, foi a utilização dum shampô sêco para cabelo da Klorane (!) com o qual pulverizei toda a área suspeita e outras a montante, isto é, na zona do separador de óleo (demister).

Depois de aplicado, e passado algum tempo, foi fácil 'vê-la'...lá estava a mancha a iniciar-se na parte inferior do 'separador' como que vinda do 'nada'. A tampa da distribuição, desta vez, não teve culpa nenhuma!

Por um lado foi um alívio visto que já estava a supor cenários dantescos (bloco fissurado, relas soltas, etc...), mas do mal o menos porque o acesso é relativamente fácil. Desmontado o separador, confirmado o poro (!) com diluente, soldadura, teste, novo teste, e remontagem, até á data nada de novo! A existência da fuga nesta zona explica, em termos lógicos e anula todas as interrogações que se nos colocavam, isto é aparecer com o carter vazio, antes do motor ter trabalhado, etc...tudo certo.

Aqui cabe fazer um reparo quanto á decisão de ir resolvendo, em definitivo, os problemas á medida que eles vão surgindo, resistindo sempre à tentação de acabar tudo rápidamente a coberto da desculpa ' vamos deixar como está, pôe-se o carro no chão experimenta-se e depois resolve-se juntamente com outros problemas que entretanto se forem declarando'...é também uma estratégia, mas constato agora que a melhor solução é mesmo ( a não ser que os problemas determinem, por exemplo a desmontagem do motor) ir solucionando de imediato sem improvisos, duma forma definitiva e tecnicamente correcta, em suma sem desenrascanços.
Esta decisão deve-se á perseverança e paciência de M. em momentos de crise, o que novamente me surpreendeu pela positiva! Obrigado M.!

A lista de faltas vai ficando reduzida, resumindo-se a situações de pormenor já ligadas ao início dos 'ensaios dinâmicos' e aspectos legais/inspecção periódica: acêrto da altura do carro através da afinação dos Hi-Los da suspensão (adoptámos as cotas standard), reapertos gerais (tudo com chave dinamométrica, como sempre) , afinação de travões, etc. e montagem de acessórios 'obrigatórios', como retrovisor da época de fixação no friso da porta (da Holden Vintage), cintos de segurança da Britax iguais aos da época (adquiridos em UK no Peter Copestick) que custaram uma quantia algo 'indecorosa'...etc.

A 'coisa' vai tomando forma.

10 de setembro de 2008

Restauro - Austin Cooper S MKI (1965) (# 9)

Na última mensagem haviamos ficado com a moral bastante 'em alta', mas eis senão quando numa inspecção mais atenta à parte de baixo do carro, sob o suporte do lado direito do motor, se detecta um pingo de óleo qual malfadada estalactite...
(Resolvi dar aqui conhecimento desta situação porque o problema - para muitos, estou convicto, elementar, mas para nós amadores uma dôr de cabeça... - teve origem, aquando da montagem do motor, numa avaliação 'ligeira' do estado dum componente, simples, mal concebido, mas - sabemo-lo agora - carecendo portanto dum controle prévio bastante mais rigoroso...)
Não esquecendo que as máquinas Inglesas, sejam de 2 ou 4 rodas são tidas em alta consideração por marcarem sempre o 'território'... mas neste caso, nem pensar em viver com a fuga ainda que muito pequena, até porque sendo 'estática' indiciava um mau aperto, empeno ou fissuração, situação que - com o carro em funcionamento - ir-se-ia certamente agravar.
Cada cavadela uma minhoca...
Reunido o 'conselho técnico', várias hipóteses foram avançadas, passando pela deslocação do óleo ao longo do perno de aperto da tampa e saída pela junção desta com o suporte do motor (local onde se manifestava) outras pela fissuração da tampa, etc...considerando o ponto onde o óleo aparecia...mas as aparências iludem e o óleo segue caminhos sinuosos e preferenciais que devem ser considerados nestes casos...
Baseado neste 'diagnóstico' e considerando que estava fóra de causa retirar o motor (!) foi decidido aplicar no local - e confinando deste modo a fuga - uma pasta (resinas) vulgarmente conhecida como 'soldadura a frio'.
Consideradas várias, e após consulta na net, como a Devcon Titanium (mas que carecia, caso futuramente se tivesse de retirar, da utilização de ferramentas especiais dada a sua dureza depois da resina curada) a um preço astronómico - mas existente na nossa 'oficina', just in case! - e outras mais vulgares/baratas como a Pattex Nural , neste caso tipo '21', que selecionámos.
Esvaziado o carter, limpeza rigorosa do local da fuga com solvente - até onde se podia ver e ir - aplicada a resina, dado o tempo de cura, verificado e ...novamente o malfadado pingo de óleo (mesmo com o carter vazio!!)...
Feita nova limpeza com solvente, a fuga parou ... mas só aparentemente ... visto que atestado o carter, verificação umas horas depois e lá estava ela de novo...
Alto! não pode ser...com mais uns contorcionismos, alargámos/subimos a zona de inspecção e lá estava ela...saindo da parte inferior da tampa da 'distribuição'... numa zona entre-parafusos escorrendo num trajecto, antes impensável.
Nitidamente um empeno da tampa ou problema na junta...mas tinha sido tudo montado com rigor?!!
À frente desta tampa e montado na ponta da cambota, está o volante/amortecedor de vibrações (não esquecer que estamos a falar dum motor de 'S', 'volante' este inexistente nos Cooper e outros Minis da época).
Decidido desmontar o volante, para tal, fóra com o radiador, ventoinha, etc...sem riscar nada!!
Com acesso total á tampa (de forma oval) a fuga era no 'pólo' inferior na tal zona entre parafusos...e porquê? Porquê também fuga com o carter 'vazio' ? => nesta zona, constatámos então, fica sempre uma pequena quantidade de óleo - que alimentava a tal fuga - não correspondendo, portanto, á condição de carter vazio...
Não haviamos controlado com rigor a planicidade da tampa e fruto de muitos anos (mínimo 43) de montagens e desmontagens esta , na zona dos furos estava 'encabeçada', não permitindo aperto nas zonas de vedação. Conferimos que a junta estava OK e a aplicação de cola-silicone tinha sido feita correctamente.
Foi desempenada, feito o controle de planicidade utilizando também o 'azul da prússia' num plano (vidro) , lixando e controlando sempre as zonas de vedação...(segue)

5 de setembro de 2008

Restauro - Austin Cooper S MKI (1965) (# 8)

Hoje é um dia 'histórico'...
Depois de resolvida a questão da pressão de óleo (ver mensagem anterior), foi dada a 'mise en marche' e pega (de novo) à 1ª sem problemas, muito certinho, pressão de óleo = 60/65 lb, a evolução da temperatura é normal, boa recirculação, aparentemente não há fugas (precisa no entanto de trabalhar mais horas e ser sujeito a esforços dinâmicos) , com excepção das bóias dos SU HS2 que ficam bloqueadas e deitam por vezes por fora pelo trop-plein...fomos buscar o extintor não fosse haver algum 'problemazito'... depois de levarem um tratamento de choque ficaram ok, mas não são de fiar...
Iniciei a montagem dos acessórios na parte da frente do carro, como a buzina, orientar os cabos , etc...

2 de setembro de 2008

Restauro - Austin Cooper S MKI (1965) (# 7)

Vicissitudes...

Em 29-07-2008, primeiras voltas do motor , sem velas, só com o starter, para verificar se rodava bem e conferir a pressão de óleo...um olho no manómetro, ponteiro a fundo de escala (100 lb!), interrogámo-nos e demos por terminada a sessão, agendando '...temos de ver aquela mola e esfera...' (dispositivo que regula a pressão de óleo, que se deve situar nos 70-75 lb em carga)...
Em 02-08-20ó8 tudo a postos para a 1ª mise-en-marche...
Como em aeronáutica, 'pressão, contacto, gasolina, ignição...'... tudo correu bem, pegou à 1ª, trabalhar redondo, mas...uma espreitadela no manómetro confirma o ponteiro a fundo (demasiada pressão), e alguns segundos depois...pressão de óleo a zero! Parar tudo e começaram as interrogações sobre o que se teria passado já que não houve qualquer ruído anormal.
Rápido 'brain storming' e aplicação das teorias sobre 'resolução sistemática de avarias':
- manómetro avariado?
- tubo de ligação ao manómetro entupido?
- bomba mal montada?
- bomba de óleo inadequada para o motor?
- bomba de óleo mal ferrada? avariada?
- o 'tal' parafuso suspeito de aperto da bomba aliviado? junta partida/levantada?
- conduta de óleo no bloco com poros ou fissurada (o bloco tem + de 40 anos...)
- conjunto mola/esfera 'emjambrado' na sede?
- tubo de pesca fissurado ou rachado deixando entrar ar?
Iniciaram-se alguns testes (s/ velas) :
- sem bujão do sistema mola/esfera - óleo sai às golfadas mas com ar á mistura...
- este conjunto estava completamente livre (substituimo-lo pelo antigo)
- do tubo de ligação ao manómetro não sai nada!
- do bujão de ligação deste tubo ao bloco sai tb à s golfadas sem pressão...

Com a moral a 'zero' demos por encerrada a sessão e fomos de férias , com um aperto no coração...
Entretanto coloquei-me em acção e através da descrição do problema consultei vários 'especialistas' (A C Dodd, Keith Calver, John Kelly, Rui Abreu, etc) mas as hipóteses colocadas, para além da explicação teórica sobre o trajecto do óleo, não trouxe nada de significativo à lista que já tinhamos...apenas do JK que sugeriu um procedimento , rodar o motor no chão , só com o volante montado (com o starter óbviamente, porque apesar de não ter acesso á curva característica da bomba de óleo, certamente apenas a partir de certa velocidade ganhará pressão).
Encomendei as peças necessárias para a reposição após a reabertura e ... esperei o regresso do M....
No final de Agosto, motor fóra, desmontagens, e depois de aceder á bomba constatou-se que , aparentemente, bomba bem montada e OK, não havia alívio (visível) nos parafusos, junta OK...o mistério adensava-se...
Verificou-se a estanquecidade do tubo de aspiração da bomba (caso houvesse porosidades ou o tubo de pesca estivesse com problemas) e num estilo muito 'Macguyveriano', aliás ao melhor estilo 'Manuelino' !! lá se consegui confirmar que estava tudo OK e havia vácuo, portanto estanque.
Também se regressou ao conjunto mola/esfera originais, comp. mola 66,79 mm (diam. arame 1,66 mm) e diam. esfera 9/16" tal como sugerido pelos gurus.
Remontada a bomba (mesma) bem apertada, retirados os bujões do radiador de óleo e do cj 'mola/esfera', motor a rodar e...o óleo saía com bom caudal e sem interrupções! Aleluia!
Mas a dúvida subsistia sobre a origem do problema...
Aqui surgiu uma questão relacionada com a bomba antiga e a actual...a original Concentric #32421C (já descontinuada!) tem uma espessura entre faces de aperto de 33,40 mm e a actual (Kent) tem 28,9 mm...ora utilizando os mesmos parafusos (de muito má qualidade) verificou-se que só existiam 0,11 mm para aperto (com junta e anilha de mola)...poderia este facto ter ocasionado um aliviar da bomba em carga já que de facto a bomba não estava correctamente apertada??
Mandei fazer novos parafusos com formato e aço especiais (foto) com comprimentos adequados e garantindo o aperto necessário (12,5 lb.ft) !
Remontou-se tudo, com a bomba nova (Kent) #KENOP3, nova junta de melhor qualidade e a nova parafusaria, verificando cuidadosamente se não havia obstrucções na aspiração e compressão, depois de bem cheia de óleo!
Aqui surgiu outra questão que desde o início baralhou tudo! o manómetro antigo (do MKI) ... pura e simplesmente, e fruto eventualmente da sobrepressão inicial, estava avariado (foi aberto e constatou-se que não passava do zero...) para além do tubo estar entupido!! Utilizado um outro manómetro de reserva, tubo desentupido e lá surgiu a pressão desejada!

Remontado todo o resto, efectuámos as mesmas verificações e o manómetro marcou constantemente cerca de 75 lb ! (Este) Problema está ultrapassado. Vamos continuar...