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8 de abril de 2008

Restauro - Austin Cooper S MKI, 1965 (# 1)

Grande apaixonado pelo automobilismo, especialmente clássicos de competição dos anos 60 e 70, sempre ansiei ter um Mini Cooper...
Em 2003 adquiri um Austin Cooper MKII, 1968, mas o 'bicho' continuou a roer pois o objectivo era mesmo um 'S' MKI (verdadeiro, pois réplicas há aos montes...)...
Em Agosto de 2005 , tropecei naquele que é para mim o ícone dos clássicos dos anos 60, um Austin Cooper S MKI de 1965.
Ainda por cima com história desportiva!
Teve 10 donos...nada de grave, recordemo-nos que se trata dum carro com 43 anos...
Dado á pesquisa procurei saber o paradeiro de cada um deles, contactei-os por carta e tentei deste modo obter a máxima informação possível do carro.
Por sorte consegui falar com o seu 1º dono (!) que utilizou o carro em rallyes de regularidade (como o eram práticamente todos na época) em 1966 e 1967, sendo o carro 'preparado' na - infelizmente extinta - oficina do Sr. Mário de Jesus ( e o seu 'oficial-braço direito, o Sr. Manuel), na Travessa das Almas nº 4, em Lisboa. Através do seu co-piloto de então, que tem tido a santa paciência de me 'aturar', e de alimentar este blog com testemunhos só possíveis de quem viveu por dentro essa época dourada, tenho mantido um contacto regular com a dupla e está prometida uma volta no renascido Cooper S MKI! Haja saúde!

Como complemento do 'Palmarés conhecido' e sendo as 'armas absolutas', na época, o Cooper S '1100' (como era conhecido o '1070') e o '1275', no Rally das Camélias de 1966 a classificação da 5ª classe foi:

1º Manuel Gião, Austin Cooper S (Vencedor Absoluto)
2º Francisco Romãozinho, Austin Cooper S
3º 'Nobih', Morris Cooper S
4º Posser de Andrade, Austin Cooper S
5º Manuel Bacelar, Morris Cooper S
6º Carlos Edmond Santos, Austin Cooper S

como podem verificar tudo nomes sonantes, pelo menos para aqueles que acompanharam, tal como eu, o panorama de rallyes da época.
Fiquei também a saber que este 'S' faz parte dum trio famoso de Cooper S que vieram para Portugal em Janeiro de 1965 (este carro tem registo de saída de Abingdon - antigas fábricas da BMC - em Outubro de 1964 em CKD), o famoso GE-90-00 (Manuel Lopes Gião), o GE-90-02 (Alfredo César Torres e o meu, entre eles!
Como complemento, consultei os jornais o 'Motor' da época, aqueles que ainda tenho e outros na Hemeroteca em Lisboa.
Parecia de facto que o historial desportivo se limitara aos anos 60, visto que do contacto com os outros proprietários nada resultou de concreto, apenas trocas e baldrocas, o costume, o trivial na vida dum Mini, e especialmente dum 'S' modelo sempre muito sacrificado dado o seu carácter desportivo.
Tenho registo de retoma das actividades desportivas apenas nos anos 90, Rally Golf&Classics de 1992, através de dossier que me foi facultado no acto da compra. Estabeleci ainda contactos posteriores com um ex-proprietário que havia participado numa prova em 1997, mas não adiantei grande coisa...não é fácil desenterrar um passado...

Estava lançado o repto! E que desafio!
De facto, o estado em que comprei o carro, em termos mecânicos, era deplorável! Tendo passado os últimos anos da sua vida na Bélgica - suponho que desde 1995 - onde o seu proprietário o utilizava em provas de rampa e rallyes, tudo documentado com fotos etc.
A decisão estava tomada - restauro total de acordo com as especificações originais!
Óbviamente que a paixão que tenho por este modelo suplantou alguma 'ponderação' que eventualmente poderia ter estado presente na decisão que tomei!
Da análise 'técnica' que fiz ao carro, ajudado por outros experts na matéria, não deixava margem para dúvidas. De chapa, razoável, mas mecânicamente mau, ainda que mantendo os componentes originais (bloco, suspensão, etc).

A estratégia a seguir seria mandar 'fazer' a chapa, pintura e interiores, sendo eu próprio a fornecer todos as peças e outros materiais e restaurar eu mesmo o restante.
Num restauro, a recuperação de chapa e pintura é a mais cara, normalmente.
Decidi entregar o carro a um especialista, à firma Raimundo Branco, em Frielas, que desmontou todos os componentes mecanicos, e iniciou o seu trabalho, em 10 de Novembro de 2005.

Iniciou-se então, para mim, uma fase de estudo e selecção de peças a substituir, tendo decidido efectuar a maioria das aquisições em Inglaterra, por uma questão de economia e facilidade de obtenção de qualquer componente. Para tal selecionei 3 empresas:

- Mini Machine , para painéis e elementos de carroçaria
- Mini Spares (North) (Rich Hawcroft) para componentes mecânicos
- Newton Commercial, para tudo o que se relaciona com interiores.

Noites e noites consultando 'n' manuais da BMC, catálogos , consultas na Net, etc... Listas e mais listas,, etc.
Indiscutivelmente um dos livros 'de cabeceira' é o 'Original Mini Cooper and Cooper S - Restorer's Guide' do John Parnell.

Um Cooper 'S' MKI pode ser considerado muito similar ao vulgar Mini '850' (Austin ou Morris) em termos de acabamentos exteriores e interiores, mas mecânicamente substancialmente diferente, situação que o torna muito exclusivo.

Sem experiência anterior em restauro de automóveis, tem sido desde então um 'aprender fazendo e vendo fazer', acompanhado de muito estudo e pesquisa, sempre pesquisa.
De facto é fundamental conhecer profundamente o carro, especialmente quando se tratam de modelos com particularidades que o diferenciam da restante gama e mesmo dentro do modelo as características proprias do ano de fabrico!
Seria injusto não colocar em evidência o meu Amigo M..
Sem a sua sabedoria, persistência, paciência e saber fazer com rigor e perfeição, este restauro nunca teria sido levado a cabo. Obrigado M.!